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Onde deveria funcionar o gabinete do prefeito, o que se vê são restos de mobília e estruturas enferrujadas jogadas no chão |
Embora a nova gestão já tenha recolhido 1,2 mil toneladas de lixo, a cidade é um verdadeiro lixão a céu aberto. Serviços básicos? Nenhum funciona. O hospital é um convite à morte. Escolas? Praticamente nenhuma está em condições de funcionar para a abertura do ano letivo. Prédios públicos? Viraram pardieiros.
A começar pelo gabinete do prefeito. Sem espaço na prefeitura, o novo prefeito Fred Gadelha (PTB) despacha num escritório particular. A administração anterior iniciou uma ampla reforma do histórico prédio do Governo Municipal, mas não honrou os compromissos assumidos com a empresa contratada. A obra parou.
As portas estão fechadas para o expediente público. Por dentro, um pandemônio: móveis quebrados e abandonados, rede elétrica depenada, fios arrancados e banheiros quebrados. Nas salas que serviriam de apoio ao gabinete do prefeito o que se vê são documentos e livros espalhados pelo chão, além de restos de móveis.
Móveis quebrados e entulhos foram despejados no quintal da prefeitura
Os fundos do prédio se transformaram em um lixão, com sinais de que documentos foram queimados para que a nova gestão não tenha acesso às irregularidades praticadas nos últimos oito anos. Sem acesso aos dados oficiais financeiros e fiscais, Fred e sua equipe vão tentando resgatar a herança maldita.
Só o passivo da Previdência Social é da ordem de R$ 31 milhões. As repartições públicas que conseguiram resistir ao “vendaval comunista” estão correndo risco de ficar às escuras porque o débito de R$ 1,4 milhão com a Celpe ainda não foi pago. Aliás, a subprefeitura de Pontas de Pedra e a Escola Ângelo Jordão já tiveram a energia cortada.
Só o passivo da Previdência Social é da ordem de R$ 31 milhões. As repartições públicas que conseguiram resistir ao “vendaval comunista” estão correndo risco de ficar às escuras porque o débito de R$ 1,4 milhão com a Celpe ainda não foi pago. Aliás, a subprefeitura de Pontas de Pedra e a Escola Ângelo Jordão já tiveram a energia cortada.
Na turística praia de Pontas de Pedra, moradores se queixam dos problemas causados pela falta de coleta de lixo
O rombo do Goiana-Prev, fundo previdenciário dos servidores municipais - que estão sem receber os salários de novembro, dezembro e mais o 13º salário - é estratosférico: R$ 17 milhões. O passivo do Pasep é de R$ 947 mil.
A Compesa reclama de débitos superiores a R$ 600 mil e não existe nenhum serviço público que conte com telefonia fixa simplesmente porque o ex-prefeito não pagou a conta. Só de celular usado por ele e sua equipe, a conta deixada para o sucessor é de R$ 27 mil.
Nas ruas da cidade, o lixo acumulado no meio das ruas divide espaço com o esgoto que circula a céu aberto
Nem uma obra sequer iniciada pela gestão anterior chegou ao fim. A mais recente - e que parou pela metade - é o Centro Cultural Ademir Tavares, projeto em parceria com o Governo Federal. A União deixou de repassar os recursos porque o ex-prefeito não cumpria com a contrapartida do município. Lá, o que existe hoje é apenas uma placa indicando a parceria federal.
Goiana está inadimplente, não pode celebrar convênios ou assinar novos contratos, muito menos abrir licitações. Faltam todas as certidões negativas. Quanto à política de pessoal, 74% da receita líquida do município está comprometida com relação à Lei de Responsabilidade Fiscal, que autoriza o patamar máximo de 54%.
CONTRASTE
O atual prefeito, Fred Gadelha (PTB), trabalha junto com sua equipe para tentar descobrir a verdadeira situação financeira do município
“Estou em tempo de enlouquecer. O município foi depenado”, desabafa o prefeito, que se defronta diante de um cenário hilariante. Para ele, Goiana vive o pior momento com uma expectativa de melhor momento. Se por um lado a gestão pública está na UTI, por outro os investimentos privados não param de chegar.
O novo regime automotivo beneficiará a fábrica da Fiat em Goiana devido ao perfil do projeto. A montadora vai construir um centro de pesquisa e desenvolvimento, promessas que atraíram um grande número de fornecedores que já se encontram instalados em uma área próxima à da fábrica. Esses são alguns dos principais elementos necessários para as empresas conseguirem benefícios fiscais.
A grande dúvida recai sobre o cronograma de construção da montadora – se a Fiat vai retardar novamente a fase de obras civis, da fábrica propriamente dita. Pelo calendário inicial, o investimento começaria em abril passado. Mas apenas no último dia 17 o canteiro de obras começou a ser instalado.
Só de geração de empregos por parte da Fiat a expectativa em Goiana é de que sejam criados 7.372 novos postos de trabalho só na fase de construção. No rastro da Hemobras e da Fiat, esta com investimentos da ordem de R$ 8 bilhões, diversas empresas começam a se instalar na cidade, que atrai também um novo polo de vidros, com a chegada de duas grandes indústrias do setor.
“Goiana tem futuro promissor, mas a gente precisa fazer com que seus serviços essenciais e a coisa pública funcionem”, alerta o prefeito na tentativa de não frustrar o empresário que está decidido a investir no município.
BLOG DO MAGNO MARTINS
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