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Se um dia alguém listasse as principais tags  (palavras-chave) da bíblia sagrada, com toda certeza, “persistência” figuraria entre as mais importantes. Afinal de contas, poucas coisas na vida nos poupam de esforço para consegui-las. Só que jamais desconfiei que entenderia isso ao tentar uma breve entrevista com o padre Marcelo Rossi. A missão de falar com o sacerdote quase me fez esgotar o crédito junto à providência divina. Mas como o saudoso - e sábio - bispo Dom Hélder Câmara dizia, “a graça das graças é não desistir”. E foi com a ajuda de nossa senhora do correio eletrônico que venci a minha provação e entrevistei o eclesiástico mais famoso do Brasil.

Mais de 10 milhões de discos vendidos, missas assistidas por cerca de 60 mil fiéis, 57 semanas no topo dos livros mais vendidos do País. É, o padre Marcelo coleciona marcas que até Deus duvida. Numa época em que o número de católicos cai vertiginosamente, ele contraria todas as estatísticas e arrasta multidões por onde passa. “Minha missão é evangelizar de todas as formas: cinema, música, livro. Evasão existe em todos os lugares, eu tento reaproximar esses fiéis da Igreja, de Jesus”, disse. E a mais nova incursão do religioso é com o CD “Ágape - musical”, uma extensão do projeto iniciado com o livro homônimo, lançado no ano passado. Só na pré-venda do disco, foram mais de 400 mil cópias comercializadas; um recorde no Brasil.

A concepção do “Ágape” - tanto o livro quanto o disco - surgiu quase como uma epifania, a partir de um momento muito doloroso na vida do padre. É que uma contusão no tornozelo, enquanto se exercitava na esteira ergométrica, o deixou seis meses de repouso, pois optou por não realizar cirurgia. Durante o período de convalescência, o religioso buscou no estudo bíblico o conforto para as fortes dores que sentia. “Os salmos mais belos de Davi são de momentos em que ele não está bem. Sou inspirado por esses momentos, que chamo de clausura”, revelou. Foi nessa época, também, que o sacerdote deu início ao processo de escolha das canções do “Ágape - musical”, juntamente com o produtor Guto Graça Mello.

“Como fiquei um bom tempo sem gravar, eu tinha um repertório com mais de 30 músicas, então o Guto teve que me ajudar a escolher a dedo as que ficariam no CD”, conta. O disco é composto por 17 faixas, entre as quais estão “Força e Vitória”, dueto com o cantor Belo, e várias odes à mãe de Jesus, registradas em “Maria da Minha Infância”, “Maria de Nazaré” e na oração musicada “Maria Passa Na Frente”. Na opinião do religioso, é o seu melhor trabalho até hoje.

Questionado se a linha “popstar” seguida pelos padres cantores ofusca o propósito eclesiástico da música, ele é enfático. “Cada um faz de uma forma. Eu sou padre acima de tudo e nada fica acima das missas, dos meus fiéis. Ter ficado famoso foi uma consequência do trabalho”, declara. Mas não é só de holofotes que vive o artista religioso. O sucesso das vendas do projeto “Ágape” será retribuído ao público com uma obra idealizada por ele: a construção do Santuário Mãe de Deus, em São Paulo, com capacidade para 100 mil pessoas. “Essa ideia de ter um grande local para acolher todos os nossos fiéis é um projeto de vida que espero entregar em breve, por isso toda a renda é revertida para o Santuário”, disse.
Da Folha de Pernambuco

Sobre ÁLVARO MELLO

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