Doenças cardiovasculares matam cerca de 130 mil pessoas por ano no Brasil
SÃO PAULO – Com base numa pesquisa realizada em oito capitais brasileiras, entre elas o Recife, a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) chama a atenção das autoridades públicas de saúde para o desconhecimento da população em torno das doenças cardiovasculares, que matam cerca de 130 mil pessoas por ano no País. No levantamento, divulgado há duas semanas, nesta cidade, a maioria dos entrevistados relaciona o câncer (30%) e o cigarro (25%) como os principais causadores de óbitos. O acidente vascular cerebral (AVC), por exemplo, uma das principais causas de mortalidade de homens e mulheres, apenas é citado por 13% das 7 mil pessoas que responderam o questionário, também aplicado nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre.
“Os resultados dessa pesquisa demonstram uma necessidade urgente de maior conscienti-zação da população sobre saúde cardiovascular e seus fatores de risco, especificamente no que diz respeito à arritmia cardíaca e suas consequências, sendo a mais relevante o AVC”, alerta o presidente da SBC, o médico Jadelson Andrade. O cardiologista argumenta que o coração mata mais que o câncer de mama, a aids e acidente de trânsito juntos, portanto, precisa ser alvo urgente de campanhas de prevenção do Ministério da Saúde. “A desinforma-ção é grande, principalmente entre as camadas menos favorecidas”, diz.
A curto prazo, o cardiologista sugere que o ministério, através dos meios de comunicação ou em parceria com as secretarias estaduais e municipais de Saúde, estimule os brasileiros a adotar procedimentos simples e baratos de prevenção, como aferir regularmente a pulsação cardíaca e fazer o exame de eletrocardiograma de repouso, além da prática regular de exercícios físicos e alimentação saudável. “A pessoa pode perceber se algo está errado com o coração apenas apalpando o pulso, procedimento desconhecido pela m aioria. Por isso, a SBC insiste nessas campanhas, tal como já acontece com outras doenças”, justifica.
Durante a apresentação da pesquisa, realizada pela Bayer HealthCare Pharmaceuticals em parceria com a SBC, um dos assuntos mais abordados foi a fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca que é um forte fator de risco para o AVC. Esse distúrbio provoca a formação de coágulos de sangue, que podem se soltar e migrar para o cérebro, provocando o acidente vascular cerebral.
Nas perguntas relacionadas ao tema, as respostas não foram animadoras. Entre os fatores de risco para desenvolver a arritmia, 32% não souberam apontar nenhuma causa específica, enquanto 16% relacionam à obesidade e 15% ao sedentarismo. Quando consultados sobre as doenças que podem ocorrer devido à fibrilação, 33% dos entrevistados não souberam responder, 15% apontaram o infarto do miocárdio, 13% a obesidade e somente 12% o AVC.
O presidente da SBC considera essa realidade muito preocupante, pois os derrames cerebrais relacionados à fibrilação arterial são mais graves, causando incapacidade em mais da metade dos pacientes e um resultado pior do que derrames em doentes sem o distúrbio. Jadelson lembra que o AVC relacionado ao problema aumenta em 50% a probabilidade de morte num período de um ano. “Nesses casos, os tratamentos são dispendiosos e de longo prazo, o que eleva os gastos públicos com saúde”, afirma.
Os entrevistados, com idades acima de 18 anos, foram abordados na rua, na saída de estações de metrô e de terminais de ônibus e em centros comerciais. No Recife, 750 pessoas responderam o questionário, estruturado em múltipla escolha, com 27 perguntas. Do total de entrevistados, 54% são do sexo feminino.
Jadelson Andrade revelou que a SBC, independentemente das ações do Ministério da Saúde, vem realizando pesquisa de campo em 100 centros hospitalares do País para traçar o perfil dos pacientes cardiovasculares. “Para isso, estamos acompanhando a rotina de oito mil pacientes com insuficiência cardíaca. É a primeira vez que isso acontece no Brasil”, completa.
Todos ignoramos os problemas que podem acontecer por causa de não cuidar nosso coração.
ResponderExcluirÉ muito importante, pelo menos uma vez por ano, fazer consulta em cardiologia em porto alegre