A rapidez
com que a fábrica está sendo construída não é o único motivo para a Fiat ocupar
o centro dos debates em Goiana, na Mata Norte de Pernambuco.
Outra razão
é o Relatório de Impacto Ambiental (Rima) do projeto, que deve provocar
mudanças nos meios físico, biológico e antrópico.
O Rima, pelo
que tenho lido nos últimos meses, é um dos mais bem elaborados por um projeto
em Pernambuco.
E revela, nas
entrelinhas, não só o que está por vir, mas os estragos que a produção
canavieira provocou aos ecossistemas da região.
Extensas
áreas de Mata Atlântica, em Goiana, desapareceram para dar lugar a engenhos de
cana e usinas. Sobrou pouco da vegetação original.
Apesar dos
danos, o Rima mostra que no lugar do empreendimento e próximo a ele existem 95
espécies de aves, como gavião-ripina, joão-de-barro e rouxinol.
“Constatou-se
uma predominância de espécies residentes, não migratórias, e diurnas”, ressalta
o relatório.
Os anfíbios
na região são muitos. Os pesquisadores também localizaram 11 famílias e
49 espécies. Entre eles, a rã-do-folhedo e a rã-cachorro.
Outras
listas, como as da flora e dos peixes, também foram montadas.
O desafio
está além de proteger animais e vegetais catalogados.
Há ainda,
como aponta o Rima, a necessidade de proteger o solo, subsolo, rios e
patrimônios histórico, cultura e arqueológico. E da dinâmica populacional.
O relatório
enfatiza que os impactos existem hoje e existirão no futuro, pois a fábrica
atrairá milhares de pessoas para o seu entorno.
E aí, a
falta ou o planejamento inadequado podem provocar o desaparecimento da fauna,
da flora e a poluição dos recursos hidrícos.
Goiana, vale
lembrar, é o segundo maior polo pesqueiro de Pernambuco.
Por Jailson
da Paz
Diário de Pernambuco
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