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Por Silvia Bessa/DiariodePernambuco

Quarenta e cinco metros abaixo do solo, no fundo de uma cacimba, atordoada com fratura exposta na perna e no punho e vítima de traumatismo craniano, Samantha só pensava nas baratas que a cercavam. Para a equipe do Corpo de Bombeiros que tentava se comunicar com ela, revelava o medo dos insetos. De longe, ouvia respostas. “Samantha, você é grande. Veja o tamanho das baratas. Você é maior que a barata. Não tenha medo!”, disse um. A menina de seis anos, imóvel, se fortaleceu com a analogia. Então, decidiu pegar uma lanterna que fizeram chegar até ela e centrou o facho de luz sobre as baratas para espantá-las. Assim suportou as dores e ganhou vida nova depois da escuridão.

Ontem Samantha prestou homenagem aos cinco homens e uma mulher que a devolveram para os pais, Simone e Arlan de Paula. Parecia intimidada ao ser atração em um teatro lotado pela corporação, que comemorava com familiares os 128 anos do Corpo dos Bombeiros. Assistindo a trechos das cenas do resgate gravados por um celular e exibidos em um telão, chorava. No ouvido dela, para confortar a menina, a mãe repetia: “Não vai passar mais, não vai passar mais”. Pela pouca idade, a garota ainda não sabe o que a operação de cinco horas de trabalho significou. “Ficar viva após uma queda de 45 metros foi realmente um milagre”, explicou-me o cabo William Guilherme. A altura, calculo, equivale ao 15º andar de um prédio.

Para mantê-la ativa, a soldado Elizângela Matias fez até promessa de dar sorvete para a menina em um dia de sol, para ajudar a esquecer o pesadelo do dia 16 de fevereiro deste ano. “Estou feliz por fazer parte dessa história”, afirmou Elizângela, cinco anos de carreira. Elizângela estava radiante ao colocar nos braços Samantha, que passou meses recuperando os movimentos e que ontem andava sozinha exibindo combinação de vestido e sapatilhas dourados. Samantha só sorriu quando foi afagada de novo por eles e aí fez pose para fotos ao lado dos ídolos de verdade, o sargento Édson Gomes, o cabo William, os soldados Alexandre Vasconcelos, Eraldo Duarte e Elizângela. Sentiu a falta do sargento Givanildo Rosa, que está fora do país de férias. Chefe da equipe, 28 anos de corporação, coube a ele a tarefa de pegá-la nos braços quando ela foi erguida sob aplausos e emoção. Givanildo chorou junto com o desfecho bem-sucedido.

O acidente com Samantha aconteceu naquele esfregar de olhos que separa a tranquilidade do perigo para crianças. Contou-me a mãe, Simone, que a filha mais nova estava brincando com uma amiga no quintal da casa de praia alugada por uma amiga, em Carne de Vaca, Goiana, Pernambuco. Tinha um adulto por perto varrendo o chão. Por um milésimo de segundo as crianças subiram sobre a placa da cacimba e a madeira cedeu. As cacimbas são feitas com 10 metros, 15 metros. Essa tinha 45 metros.”Foi um desespero. Eu só dizia para um amigo da família: Traz minha filha!”, relatou Simone. “Em nenhum momento pensei que tinha perdido Samantha, nem quando ela ficava mais tempo calada”. A confiança também veio da postura dos bombeiros, acredita.

A solenidade de ontem para celebrar a fundação do Corpo de Bombeiros era formal e acontece todos os anos. Fiz questão de ir para ver Samantha e a equipe que a salvou por um motivo. Das tantas profissões que se conhece, estou para ver outra sobre a qual pairam tão poucas críticas.

O bombeiro é aquele sinônimo de entrega, dedicação. Que tem eternamente a imagem de herói, sempre pronto a dar orientação para salvar uma criança que engoliu uma moeda, do homem que está prestes a se afogar na praia de Boa Viagem, o que está coberto pelo fogo. Daquele que tira uma garota de seis anos do fundo de uma cacimba e lhe devolve vida. Morador do interior, da beira-mar ou da favela. “Só tenho a agradecer a esses profissionais que dão sua vida para poder trazer felicidade para não só para nossa família mas para outras famílias que precisam deles”. A frase é do pai de Samantha, Arlan de Paula, que no evento chorava sentado ao lado da filha. Tenho a impressão que poderia ser o pensamento de muitos pernambucanos, que nunca precisaram mas admiram os trabalhos dos bombeiros.
Vídeo: TVJornal

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