A bancada de Pernambuco reuniu-se na manhã da última quarta-feira (05),
para discutir a situação da Hemobrás, diante da proposta do governo de
construir outra fábrica de produção de hemoderivados em Maringá (PR). A
deputada Luciana Santos (PCdoB), participou da reunião e opinou que é
imprescindível defender a Empresa e garantir sua permanência e pleno
funcionamento das suas atividades em Pernambuco.
“O Brasil, à época de criação da Hemobrás, importava cerca de 30 bilhões
em farmoquímicos, em função de que não tínhamos tecnologia para produzir. Se
tomou a decisão de criar uma empresa pública para começar a suprir essa
demanda. Essa produção de hemoderivados atual representa apenas 1 bilhão, mas é
estratégica numa linha de deter conhecimento e todo mundo sabe o quanto isso é
importante”, explicou a parlamentar.
Luciana acompanhou a instalação da empresa desde sua fundação e foi uma
das defensoras da instalação em Goiana, como forma de diversificar a matriz
econômica da região e de garantir emprego e renda para o local. Diante da
proposta do Ministério da Saúde, Luciana se posicionou frontalmente contrária.
“A proposta não é de transferir a fábrica — explicou —, a proposta é
abrir outra fábrica para produzir recombinantes, que é a mais estratégica para
manutenção da Hemobrás. A Hemobrás de Goiana continuaria produzindo outros
tipos de derivados, o que na prática iria esvaziar a unidade de Goiana. Seria
matar por inanição a fábrica de Goiana”, denunciou a deputada.
“Esta é uma manobra: o ministro vai dizer que não quer acabar, vai dizer
que está ampliando. Mas é uma pegadinha, porque quando você coloca a produção
em outra cidade você simplesmente matou a produção que tem aqui. A gente precisa
defender o investimento que já foi feito. Essa proposta é uma coisa insana, sem
nenhuma justificativa para acontecer”, concluiu.
Reunião com ministro
No fim do dia os parlamentares pernambucanos foram recebidos pelo
ministro da Saúde, Ricardo Barros, para conversar sobre a questão. O ministro
foi indagado sobre as razões para esvaziar um investimento em curso para
começar outro, do zero, com os mesmos objetivos.
A deputada Luciana enfatizou que o papel do Estado não pode ser focado
exclusivamente na questão do lucro, mas precisa se pautar pela superação das
desigualdades regionais e na geração de emprego, renda e qualificação. Ela
constatou que com a criação da Hemobrás Pernambuco conseguiu formar e atrair
recursos humanos e teve bom desempenho. “Em Pernambuco temos competências para
desenvolver a tecnologia de produção desse tipo de medicamento, além de ter uma
boa cultura de doação de sangue, do voluntariado. Nesse debate acho que ficou
claro que estamos tratando da joia da coroa, estamos tratando do fator
VIII recombinante, que é o que há de mais viável para o sentido de ser da
própria Hemobrás”, disse ao ministro.
“Um componente para a decisão lá atrás foi exatamente a capacidade
pernambucana de desenvolver a tecnologia daquilo que é o sentido de ser do
negócio [ a produção do fator VIII]. Não há sentido em abrir mão dessa
produção. Com essa proposta queremos acentuar o cenário de desigualdade
regional que tínhamos em nosso País. Não há sentido em tomar medidas para
eternizar esse cenário!”, protestou Luciana.
Assessoria
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