População do município com menor IDH do Grande Recife e arrasado pela corrupção precisa recorrer a cidades vizinhas para ter emprego, escola e assistência médica
Publicado em 20/09/2011, às 11h11
fonte: JC Online
Foto: Bernardo Soares/JC Imagem
Pior do que sofrer com a carência de serviços básicos é ter que conviver com a falta de esperança de melhora. Em Araçoiaba, na Região Metropolitana do Recife (RMR), a população parece já ter desistido de acreditar em soluções para o quadro de desamparo escancarado. Nos últimos dez anos, pelo menos R$ 7 milhões que deveriam ter sido investidos no crescimento do município foram desviados dos cofres da prefeitura. Resultado direto da corrupção de anos é o Índice de Desenvolvimento Humano da cidade, o menor entre os 14 municípios da RMR (0,637).
Desmembrada há 16 anos do município de Igarassu, também no Grande Recife, é como se Araçoiaba não tivesse identidade. Apesar de estar situada na área metropolitana, seus habitantes precisam recorrer a cidades vizinhas para conseguir emprego, assistência médica e escola. Em boa parte das casas, as famílias precisam cavar poços no quintal para ter água, facilmente contaminada pelo esgoto que se acumula nas ruas da parte central do município. A melhoria nesse quesito até passou perto dos moradores, quando o governo federal repassou cerca de R$ 740 mil para a cidade investir em obras de saneamento e abastecimento d'água, em 2010. Mas a expectativa foi arruinada quando a quantia sumiu.
São as mesmas pessoas que bebem da água podre que dependem da Unidade de Pronto Atendimento, único hospital e maternidade do município. A dona de casa Maria Severina da Silva, 46, é uma delas. "O médico chegou a me dizer que no posto não tinha nem pó de café. A gente é atendido em pé. Semana passada precisei ser socorrida com pressão alta e não tinha ninguém no hospital", diz a moradora. Quem chega na unidade de saúde não precisa permanecer nem cinco minutos para perceber que o lugar está às moscas. Faltam remédios, médicos e material hospitalar. "Ninguém espera ser atendido nesse lugar. Quem passa mal vai direto para Paudalho (Mata Norte) ou Igarassu", afirma a desempregada Nadiene Vieira, 20.
A dificuldade é pior para quem mora na área rural, que toma a maior parte da cidade. Cortadores de cana, crianças e adolescentes que vivem nos sítios distantes do Centro usam o mesmo ônibus sucateado para se deslocar. O coletivo que transporta as pessoas, enferrujado e velho, pertence ao cunhado do ex-prefeito, afastado por indícios de corrupção. "São dois ônibus. Nem adianta comprar um novo porque quebram logo, as estradas pra zona rural são acabadas", tenta justificar o proprietário dos veículos, José Carneiro de Oliveira, 62.
Em Nova Araçoiaba, um dos dois bairros da parte urbana do município, a situação não é melhor. A área cresceu como invasão e os habitantes ainda vivem como intrusos. É neste local que mora a dona de casa Izaele Maria de Lima, 32. O cotidiano da mulher traduz a realidade de boa parte dos 18.156 habitantes da cidade. "Meus filhos estão sem ir à escola porque falta passagem para as professoras virem de Carpina, não tem água em casa, o esgoto passa na rua da frente e não tem hospital", resume.
O prefeito em exercício, Carlos Jogli, assumiu o Executivo após o afastamento de Severino Alexandre Sobrinho, por denúncias de irregularidades. Segundo Jogli, a solução é pedir socorro ao governo do Estado. "Com os recursos escassos que nós temos, só resta pedir amparo. Vamos tentar organizar uma força-tarefa para reverter a situação", diz.
Desmembrada há 16 anos do município de Igarassu, também no Grande Recife, é como se Araçoiaba não tivesse identidade. Apesar de estar situada na área metropolitana, seus habitantes precisam recorrer a cidades vizinhas para conseguir emprego, assistência médica e escola. Em boa parte das casas, as famílias precisam cavar poços no quintal para ter água, facilmente contaminada pelo esgoto que se acumula nas ruas da parte central do município. A melhoria nesse quesito até passou perto dos moradores, quando o governo federal repassou cerca de R$ 740 mil para a cidade investir em obras de saneamento e abastecimento d'água, em 2010. Mas a expectativa foi arruinada quando a quantia sumiu.
São as mesmas pessoas que bebem da água podre que dependem da Unidade de Pronto Atendimento, único hospital e maternidade do município. A dona de casa Maria Severina da Silva, 46, é uma delas. "O médico chegou a me dizer que no posto não tinha nem pó de café. A gente é atendido em pé. Semana passada precisei ser socorrida com pressão alta e não tinha ninguém no hospital", diz a moradora. Quem chega na unidade de saúde não precisa permanecer nem cinco minutos para perceber que o lugar está às moscas. Faltam remédios, médicos e material hospitalar. "Ninguém espera ser atendido nesse lugar. Quem passa mal vai direto para Paudalho (Mata Norte) ou Igarassu", afirma a desempregada Nadiene Vieira, 20.
A dificuldade é pior para quem mora na área rural, que toma a maior parte da cidade. Cortadores de cana, crianças e adolescentes que vivem nos sítios distantes do Centro usam o mesmo ônibus sucateado para se deslocar. O coletivo que transporta as pessoas, enferrujado e velho, pertence ao cunhado do ex-prefeito, afastado por indícios de corrupção. "São dois ônibus. Nem adianta comprar um novo porque quebram logo, as estradas pra zona rural são acabadas", tenta justificar o proprietário dos veículos, José Carneiro de Oliveira, 62.
Em Nova Araçoiaba, um dos dois bairros da parte urbana do município, a situação não é melhor. A área cresceu como invasão e os habitantes ainda vivem como intrusos. É neste local que mora a dona de casa Izaele Maria de Lima, 32. O cotidiano da mulher traduz a realidade de boa parte dos 18.156 habitantes da cidade. "Meus filhos estão sem ir à escola porque falta passagem para as professoras virem de Carpina, não tem água em casa, o esgoto passa na rua da frente e não tem hospital", resume.
O prefeito em exercício, Carlos Jogli, assumiu o Executivo após o afastamento de Severino Alexandre Sobrinho, por denúncias de irregularidades. Segundo Jogli, a solução é pedir socorro ao governo do Estado. "Com os recursos escassos que nós temos, só resta pedir amparo. Vamos tentar organizar uma força-tarefa para reverter a situação", diz.
Nenhum comentário: